Conversa Poética com M.J.
- - Flávio Prates
- 3 de dez. de 2018
- 3 min de leitura
Junho de 2018, Trancoso, Porto Seguro, Bahia, Brasil.
-- Mergulho em textos, escritas, reflexões...
Volto a tona com você na cabeça
E agora José?
O que pensar? O que fazer com tudo isso?
Mergulho de volta aos textos e estudos e...
Novamente a superfície teimosa e desobediente torna a me puxar
E agora M.J.?
-- Não tinha a intenção de gostar de você
Não tinha a intenção de ficar com você
Também não tinha a intenção de escrever sobre você
E aqui estou.
Me perdendo em versos, tropeços e acertos
Andando distraido na rua
Enquanto penso no samba que você cantou.
Perdidos em pensamentos de um show que você deu e a plateia não era eu
Não tinha a intenção de te curtir
Simplesmente aconteceu
Como quase sempre
Você e eu numa noite de luar (ou duas)
Perdidos num universo sem volta
coração acelerado, perdido...
achado...
Atos sem volta nem revolta
Não tinha a intenção de cativar
Mas cativou...
A agora M.J.?
Como você lida com isso?
Ouvindo Noel, Bethânia, Chico ou Gil?
Ou seria ouvindo Adoniran, Alcione ou Diogo com samba no pé?
--E agora?
Você que faz versos...
Que ama, protesta...
Com a chave na mão quer abrir a porta
Não a porta...
Que morre no mar
O mar secou...
Quer voltar pra Minas
Minas não há mais
Sozinho, no escuro igual bicho do mato
Sem parede nua para se encostar
Sem cavalo preto que fuja a galope
Você marcha...
José...
Para onde?
-- Depois da despedida
Antes da partida, do adeus
[final.
Um reencontro um tanto
[louco
Agora, tão a vontade que não existe timidez
Não existe medo
Depois de uma despedida
O reencontro é ainda melhor e mais louco.
-- Se a porta não abre
Se a janela não é
[possível
Ele não se precipita.
Caminha... Apenas caminha
Sem rumo
Sem direção, José caminha
Em direção a um coração aventureiro...
Uma porta fechada
Uma janela difícil nunca parou um coração
Nunca parou um desejo
Nunca parou a emoção
Que invade quartos, salas, cozinhas
Banheiros e até sua cama
Lhe trazendo lembranças
Nos fazendo rir sozinhos
Atoa...
Enquanto aquele cheiro te teletransporta para uma noite...
Iluminada pela lua que te dei.
-- Não consigo falar mais
[nada.
Apenas sinto a tua presença no silêncio que me cerca
E desperta de um sono profundo.
Aonde andei?
Acordei de um sono longo de uma noite fria.
Acordei feliz depois de muito tempo dormindo.
Acordei sorrindo.
Acordei a não dormi mais
Acordei e pensei que hoje até eu queria ser eu
Acordei com olhar estrangeiro,
Olhando tudo como se fosse a primeira vez.
Acordei feliz de enfim gostar de ser eu.
Acordei com teu cheiro como perfume
E sai feliz, pois este cheiro não sai de mim.
-- Acordamos estrangeiros em nós mesmos e fora de si
É estranho estar feliz sem motivo
É estranho viver como nós mesmos
É estranho escrever poemas de amor
É estranho escrever poesias cotidianamente suas...
É estranho ouvir Noel Rosa e saber que não lhe verei mais...
Hoje...
Tudo seria estranho se eu não me apaixonasse por
[você
Tudo é estranho e normal
Ao mesmo tempo em que a lua brilha n'alta noite
E nós?
Perdidos em beijos infindáveis e afagos e carinhos
Perdidos em contos e sambas
Shows e sons
Perdidos... em sabores...
-- Da janela da van ele sente o vento na nuca.
Arrepio...
No fone aquela música do Caetano.
Lágrimas escorrem dob os óculos escuros de lentes riscadas
A cada paisagem enquadrada pelos vidros das janelas,
Os coqueiros e tamarindos ficam para trás...
A cada lembrança, a falta do beijo do menino que lhe iluminou a alma.
A música muda, Caetano segue cantando.
Mas o homem soluça...
Soluça, soluça...
O vento segue assobiando pelas frestas
Novo arrepio
Ele ainda soluça e segue soluçando
Enquanto procura pelo cheiro do amor
[vivido.
-- O amor vivido não se perde,
As experiências da vida nos fortalececem
O amor que nasce não morre,
Apenas dorme no peito em posição fetal
O corpo chora, a alma grita pela presença
A música consola...
--Hoje a noite
Enquanto tomo uma cerveja
Na mesa de uma biroska
Em frente a balsa
Registro os poemas que trocamos dias atrás
Quero lembrar de momentos tão sublimes que vivemos.
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